"Mais do que o controle da luz por vastos meios, e da pupila - o primeiro diafragma, a fotografia é o que se apresenta por si mesma a um observador possível e atento em suas limitações. O objeto fotografado, é o que acredito, se sobrepõe porque a paisagem nos precede e nos supera: porque as gerações exigem de nós o reconhecimento do tempo. Em minha busca pela expressão na palavra escrita, encontrei as imagens. E faço delas a extensão do poético, dialogando incessantemente com essa luz-sombra que perpassa o cotidiano e a memória. Tanto na poesia, quanto no que fotografo, busco um fomento de azul e água, na luz que refrata desejos simples e impossíveis, como os do voo, na solidão aquosa dos olhos amados, no beijo e no entrelaçamento das árvores, na fogueira do horizonte, sendo o dia, o mar, a intimidade, meus segredos principais. A instantaneidade das imagens, capturadas pelo celular ou por uma câmera digital semiprofissional é o que me habilita às tentativas de controlar a luz. Reconheço a enormidade de minhas limitações e as entrego para que as vejam."

Roberta Tostes Daniel

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